sábado, 28 de setembro de 2013

Luta contra o mundo Testemunho

Luta contra o mundo

 
 
 
Em entrevista cedida à Portas Abertas em 2 de abril de 2013, o pastor sírio Edward Awabdeh, da Igreja Aliança em Damasco, comenta sobre a situação em que se encontra a comunidade e como a Igreja procura ajudar. Sua igreja é parceira da Portas Abertas na Síria, e tem auxiliado 350 famílias
 
"As pessoas definitivamente estão com medo. Existe o risco real e a ansiedade. São 24 horas de tiros e bombardeios por dia. Quando as pessoas vão dormir, às vezes dormem no corredor das residências por causa das explosões. Tudo isso produz um efeito catastrófico sobre toda uma geração.
 
A economia está se deteriorando. As pessoas não podem comprar muitos itens. Muitas coisas estão escassas. As empresas estão paradas, tudo custa muito caro. O transporte entre as cidades é quase impossível.
 
Muitas pessoas não veem uma luz no fim do túnel, muito pelo contrário: as coisas estão cada vez piores, com mais combates e derramamento de sangue.
 
Isso tem dificultado a obtenção de materiais para o serviço assistencial. Às vezes leva até duas semanas para conseguir os produtos suficientes. Em outras situações é preciso fazer isso de maneira não convencional. Por exemplo, ao invés de comprar óleo em latas pequenas, compramos em galões e enchemos as latas menores para depois distribuir. Para obter muitos produtos temos que ir à periferia da cidade e isso é muito arriscado.
 
É difícil pra nós, tem se tornado cada vez mais complicado. Há oposição de várias partes. Por exemplo, as pessoas que moram no bairro se opõem aos refugiados que têm chegado à sua região. Agradecemos a Deus porque até agora temos conseguido ajudar todos eles. Na última semana abrimos um centro de distribuição, agora temos ajudado milhares de famílias. Um casal muito ativo no trabalho teve que deixar o país. Louvamos a Deus por que pudemos realocá-los e por todas as pessoas que têm orado por nós. Temos sentido o efeito disso, nos sentimos apoiados por essas orações, pessoal e ministerialmente.
 
As mulheres e crianças compõem o grupo mais vulnerável. Todo dia mulheres me procuram chorando, contando suas histórias e dificuldades pelas quais estão passando. Na maior parte das famílias que fugiram, o fator mais preocupante é o de que a mulher não aguenta mais essa situação de conviver com o medo por elas e por seus filhos 24 horas por dia. Emocionalmente a situação é desafiadora. É por isso que temos reuniões especiais para as mulheres na igreja. Ali elas se encontram, podem chorar juntas e se encorajar mutuamente.
 
Eu estimo que 50% das mulheres na Igreja estejam em depressão, elas choram com frequência. Algumas escrevem poemas, outras procuram se expressar no facebook. Temos s treinado nossa equipe para que visite as casas de refugiados e os auxilie a lidar com os traumas. Temos promovido encontros entre mulheres.
 
Por exemplo, no dia das mães (21 de março na Síria), eu preguei sobre como Deus aprecia o papel materno. Também encorajamos as mulheres a se envolverem no serviço assistencial aos desabrigados.
 
Na igreja também temos grupos de debates para mulheres, nos grupos elas debatem sobre certas questões quotidianas como a criação dos filhos, casamento, etc.
 
A situação atual do povo sírio é muito delicada. Nós trabalhamos com amor e respeito às pessoas e temos percebido que as visitas significam muito para nosso povo. Durante as visitas encontramos famílias que sentem vergonha de pedir ajuda, mas ao vê-las passando frio e com fome, as ajudamos. Isso tem marcado positivamente cada uma delas. Nós estendemos ao próximo o pão e o amor de Cristo, através do pão propagamos o evangelho."
 

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