Em tempos idos, a circuncisão era uma prática generalizada entre as tribos da África do Sul.
Adolescentes participam de ritual de circuncisão na tribo Xhosa.
Obrigatório nos ritos de iniciação dos jovens, a circuncisão era o elemento mais característico e marcava a passagem da adolescência para a idade adulta. Após a iniciação, o jovem podia iniciar os preparativos para constituir família. Retirados das suas famílias, os candidatos eram conduzidos a um lugar isolado. Aí eram submetidos a várias provas físicas para testar a sua força física e mental. No momento oportuno, o responsável pela iniciação procedia à circuncisão, usando uma faca de casa e pouco mais. Os jovens permaneciam incapacitados durante três semanas e eram frequentes as complicações.
Cultura adapta-se
Esta espera obrigatória forçou Shaka Zulu a proceder à abolição desta prática. Há 100 anos, o guerreiro Shaka tinha pretensões expansionistas. Ambicionando alargar o seu império, sub-alternizou tudo à sua política. Três semanas de convalescença eram demasiado longas face às campanhas de guerra, que não podiam esperar, especialmente durante o Inverno, a época seca naquelas paragens. Não tardou a resistência de alguns anciãos que temiam pelo abandono das tradições e da cultura. A abolição da circuncisão era vista como uma afronta à identidade da tribo. Porém, o carisma de Shaka era enorme e a adequada execução sumária de alguns oponentes, bem ao seu estilo, fizeram esquecer esta prática ancestral. Shaka não subverteu a “cultura”; “adaptou-a” às novas exigências sociais. Como homem carismático que era, a sua visão expansionista não tolerava empecilhos.
Xhosas mantêm-se fiéis
Hoje em dia, entre as grandes tribos sul africanas só os Xhosas praticam a circuncisão. E não é por acaso. Ocupam o Cabo Oriental, a zona mais remota e abandonada da África do Sul. Pacíficos como são, os Xhosa procuram manter as suas tradições para garantir a coesão tribal e a paz social. O seu território continua imutável no tempo, com praias invejáveis embelezadas pela floresta virgem e luxuriante ao longo da costa. As suas tradições continuam vivas, inclusive a circuncisão. Em 2008, mais de 90 jovens tiveram de ser internados, mas as complicações também persistem em hospitais. Alguns deles sofreram amputações genitais e, pelo menos, 22 morreram. As autoridades sanitárias da província ameaçam os operadores ilegais e os pais dos jovens podem ser condenados a seis meses de prisão ou a pagar uma multa pesada.
Controvérsia e indiferença
Não falta quem sugira que a prática seja realizada nos hospitais ou pelo menos em lugares limpos, sob o controle médico. Além disso, praticado em geral durante o Inverno, o ritual impede que os alunos façam os exames invernais, causando graves prejuízos. Curiosamente é do Cabo Oriental que têm vindo grandes líderes, no passado e no presente. Homens como Walter Sisulu, Stephen Biko, Nelson Mandela, Govan Mbeki, Thabo Mbeki e outros. Contudo a sua presença nas altas esferas do governo não tem trazido benefícios tangíveis para a população, nem para uma abordagem séria da situação.
.:: Fátima Missionária
Obrigatório nos ritos de iniciação dos jovens, a circuncisão era o elemento mais característico e marcava a passagem da adolescência para a idade adulta. Após a iniciação, o jovem podia iniciar os preparativos para constituir família. Retirados das suas famílias, os candidatos eram conduzidos a um lugar isolado. Aí eram submetidos a várias provas físicas para testar a sua força física e mental. No momento oportuno, o responsável pela iniciação procedia à circuncisão, usando uma faca de casa e pouco mais. Os jovens permaneciam incapacitados durante três semanas e eram frequentes as complicações.
Cultura adapta-se
Esta espera obrigatória forçou Shaka Zulu a proceder à abolição desta prática. Há 100 anos, o guerreiro Shaka tinha pretensões expansionistas. Ambicionando alargar o seu império, sub-alternizou tudo à sua política. Três semanas de convalescença eram demasiado longas face às campanhas de guerra, que não podiam esperar, especialmente durante o Inverno, a época seca naquelas paragens. Não tardou a resistência de alguns anciãos que temiam pelo abandono das tradições e da cultura. A abolição da circuncisão era vista como uma afronta à identidade da tribo. Porém, o carisma de Shaka era enorme e a adequada execução sumária de alguns oponentes, bem ao seu estilo, fizeram esquecer esta prática ancestral. Shaka não subverteu a “cultura”; “adaptou-a” às novas exigências sociais. Como homem carismático que era, a sua visão expansionista não tolerava empecilhos.
Xhosas mantêm-se fiéis
Hoje em dia, entre as grandes tribos sul africanas só os Xhosas praticam a circuncisão. E não é por acaso. Ocupam o Cabo Oriental, a zona mais remota e abandonada da África do Sul. Pacíficos como são, os Xhosa procuram manter as suas tradições para garantir a coesão tribal e a paz social. O seu território continua imutável no tempo, com praias invejáveis embelezadas pela floresta virgem e luxuriante ao longo da costa. As suas tradições continuam vivas, inclusive a circuncisão. Em 2008, mais de 90 jovens tiveram de ser internados, mas as complicações também persistem em hospitais. Alguns deles sofreram amputações genitais e, pelo menos, 22 morreram. As autoridades sanitárias da província ameaçam os operadores ilegais e os pais dos jovens podem ser condenados a seis meses de prisão ou a pagar uma multa pesada.
Controvérsia e indiferença
Não falta quem sugira que a prática seja realizada nos hospitais ou pelo menos em lugares limpos, sob o controle médico. Além disso, praticado em geral durante o Inverno, o ritual impede que os alunos façam os exames invernais, causando graves prejuízos. Curiosamente é do Cabo Oriental que têm vindo grandes líderes, no passado e no presente. Homens como Walter Sisulu, Stephen Biko, Nelson Mandela, Govan Mbeki, Thabo Mbeki e outros. Contudo a sua presença nas altas esferas do governo não tem trazido benefícios tangíveis para a população, nem para uma abordagem séria da situação.
.:: Fátima Missionária
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