Missões e Antropologia Cristã
CAPÍTULO 1
I – ANTROPOLOGIA CRISTÃ
I.1 – Definições
I.1.a – Definição de Antropologia (Secular)
A antropologia é uma ciência que se propõe estudar sistematicamente a cultura dos povos. A palavra cultura vem da antiga tradição de cultivar o solo, dessa forma, podemos considerar que cultura é a forma que a sociedade, tribo, ou povo se organiza e se comporta para garantir a sua sobrevivência. Portanto a Antropologia se ocupa no estudo das diferenças culturais com que as pessoas sentem, observam, explicam, comparam, controlam, pensam e agem dentro de um determinado grupo. Podemos dizer também que ela estuda os valores, costumes, tradições convicções e hábitos específicos de um grupo.
I.1.b – Definição de Antropologia Cristã
A antropologia cristã estuda o homem tendo em vista que é um ser espiritual, criado à imagem e semelhança de Deus e possui um sentido eterno em sua existência. Tem sua base na Palavra de Deus e olha o homem pelo prisma bíblico.
I.2 – História
I.2.a – História da Antropologia Comum
Muitos relacionam o início da Antropologia ao grego Heródoto, que viveu no século V a.C. e foi chamado de Pai da Antropologia. Entretanto se formos considerar a Antropologia como o estudo do homem em meio ao emaranhado de relações sócio-culturais que ele vivencia, fica difícil um possível marco histórico. Uma vez que é antigo o interesse do ser humano em compreender os costumes e mecanismo de funcionamento dos grupos nos seus movimentos entre culturas. Nele ele montem contato com línguas, tradições, costumes, hábitos, religiões e conceitos sociológicos diferentes.
Para a maioria dos autores, o princípio da antropologia aponta para a antiguidade greco-romana. No entanto percebe-se que o interesse por conhecer e estudar sistematicamente os povos desconhecidos para o mundo europeu surgiu com o avanço das Grandes Navegações e o intercambio com o novo mundo descoberto. O Renascimento também abriu campo para se pensar em compreender o ser humano per se.
A antropologia inicialmente foi estudada pelos chamados antropólogos de escritório. Esses antropólogos recebiam na metrópole as cartas e relatos dos navegantes, comerciantes e missionários que estavam em contato com esses povos e com base nesses documentos formulavam explicações e teorias antropológicas.
Foi somente no final do século XIX que se percebeu a necessidade de se pesquisar com o pesquisador no próprio campo de pesquisa. O pesquisador deixa então seu gabinete de trabalho para entrar em contato com não mais os informadores a serem questionados, mas com a própria cultura e através da convivência encontrar a base do seu estudo. Ele é agora como um aluno e o povo os mestres. Ele vai aprender a se comportar como eles, a falar a sua língua, a pensar nesta língua, a sentir suas emoções como eles. Esta prática é conhecida como etnologia. Dois destacados etnólogos é um americano de origem alemã chamado Francis Boas e um polonês naturalizado inglês chamado Bronislaw Malinowski.
Outro ramo influente e amplamente estudado da antropologia é a antropologia biológica. Essa antropologia fundamenta-se no evolucionismo de Darwin. Ela se ocupa principalmente em estudar o homem através de comparações com outros animais principalmente os primatas. Consiste basicamente na observação das formas com que os animais comportam em grupo e da estruturação social.
Atualmente a antropologia tem se proposto a estudar também o comportamento do homem na sociedade pós-moderna nas grandes cidades. Os problemas estudados relacionam com as questões das tribos urbanas, da crise de identidade e relacionamentos entre pares.
Tendo em vista que a antropologia cristã é a doutrina do homem no que tange a Deus, podemos considerar que ela sofreu duas grandes transformações. A primeira, quando o cristianismo suplantou a visão grega da realidade, quando passou do estudo do cosmo para Deus. E a segunda ocorreu na época moderna em conseqüência da secularização e do ateísmo, essa é a transição da atenção no estudo que antes estava em Deus posteriormente passou para o homem. Nesse segundo momento o homem passou a ser o centro das atenções dos estudos da filosofia, teologia e deu a direção para toda a ciência.
I.2.b – História da Antropologia Cristã
A antropologia bíblica tem sua origem em Adão. Ali no Jardim do Éden, Adão e Eva receberam uma identidade (o self) pelo próprio Deus. Eles tiveram o entendimento sobre o que era o ser humano com todas as suas atribuições, sejam elas naturais ou espirituais. O constante contato com Deus os fazia conhecer-se a si mesmo. Deus também deu um propósito para a existência a eles (concomitantemente a toda humanidade) no mundo criado por Deus:
“Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra. E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dá semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto de árvore que dá semente, ser-vos-á para mantimento. E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento. E assim foi. E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom”. (Gn 1:28-31).
Como vemos no texto áureo da Criação em Gênesis, Deus cria o mundo e o entrega nas mãos do homem. Ou seja, Deus traz à existência do nada o mundo, para trazer posteriormente criar o homem para nele viver e dominar sobre ele, e poder relacionar-se com Deus e no seu propósito final de Seu Plano Eterno adotá-lo como filho através de Cristo.
I.3 – História da Antropologia Missionária
Como foi dito pelo Pr Prof. René Pereira Feitosa, nas aulas de Antropologia Missionária na ESMI, a Antropologia Missionária surgiu com Abraão na sua saída de Ur dos Caldeus para a terra que Deus lhe mostraria. Ali encontramos o primeiro missionário transcultural. Abraão já era bênção em Ur dos Caldeus, porém Deus tinha uma missão maior para Abraão. Ele atravessou por vários paises entre o Tigre e o Eufrates, entre eles Ur, Padã Arã, Egito e Salém e manteve contato com vários povos na sua jornada. Em todo o momento ele foi uma testemunha do monoteísmo e de Javé.
No Novo Testamento temos o exemplo de Paulo ao pregar no Areópago utilizando estratégias antropológicas para o trabalho missionário. O apóstolo demonstrou estar preparado para pregar à qualquer cultura através de seu sucesso como “apóstolo dos gentios”. Paulo usou um elemento presente na religião grega para fazer referência ao Deus Criador. Do “altar ao deus desconhecido”, Paulo levanta toda a sua argumentação sobre o Deus criador dos céus e da terra que enviou seu Filho ao mundo para salvá-lo (At 17:24).
Outro exemplo Paulo aos utilizar elementos da cultura é a pregação aos cretenses. Em Tito 1:12-13 vemos: “Um deles, seu próprio profeta, disse: ‘Os cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos’. Este testemunho é verdadeiro. Portanto, repreende-os severamente, para que sejam sãos na fé.”. Paulo chama Epimênedes de profeta, reforçando a autoridade do profeta cretense e ao fazê-lo reforça a autoridade da Palavra frente ao contexto do povo.
I.4 – Relação de Antropologia e missões:
Por muitos anos ambos os lados têm se beneficiado pelas suas contribuições mútuas. As duas áreas somente se dissociaram após a chegada do pós-modernismo e da escola de Frankfurt, a partir de 1968 na antropologia.(nessa ciência). As contribuições de missionários com a antropologia foram de grande importância para a mesma, pois os relatos dos seus dados serviram de embasamento empírico para a formulação de várias teorias. Os exemplos são muitos, mas se destacam E.B tylor (1832-1917), na América do Norte, Sir J.G.Frazer (1854-1954), na inglaterra e I.H.Morgan (1818-82), nos EUA.
I.5 – Atualidade
Em 1906 iniciou-se a famosa revista Anthropos através de Wilhelm Schimidt (1868-1954) de Viena, ela serviu de benção para todos os missionários europeus. Trazia a realidade dos campos missionários e relatos de estratégias dos missionários e conteúdo bíblico antropológico. Um dos primeiros antropólogos missionários foi o inglês Edwin Smith, filho de missionários na África. Depois da Segunda Guerra fundou a Wycliff Bible Translators. Fundou seu departamento antropológico o Instituto Lingüístico do Verão. No Século XX, a Antropologia Missionária teve contribuintes Eugene Nida, que era secretário executivo da Sociedade Bíblica Americana entre outros.
A antropologia cristã atual se configurou como de fundamental importância principalmente devido à demanda do trabalho prático missionário. Nos últimos séculos a igreja cristã despertou para a sua responsabilidade missionária frente aos desafios do Novo Mundo. E através das experiências acumuladas dos próprios missionários nos campos, pôde-se formar uma coletânea de fundamentos teóricos e práticos que possibilitasse que os futuros missionários tivessem exemplos anteriores e conceitos que ajudariam a trabalhar em contextos transculturais.
Por isso quando falamos em Antropologia Missionária , nos referimos à Antropologia Cultural no horizonte da responsabilidade e realidade missionária. Louis J. Luzbetak define a Antropologia Missionária como: “a forma específica da antropologia cujo alvo é missionário e cujo método é antropológico. A antropologia missionária fornece os métodos científicos enquanto que a missão oferece os exemplos práticos” (REIFLER, Hans Ulrich. Antropologia missionária para o século XXI. Londrina: Descoberta Editora LTDA, 2003, PAF 17). Portanto a Antropologia Missionária surgiu para dar as ferramentas ao missionário cristão para a evangelização trans-cultural.
O que a Antropologia Cristã moderna tem se proposto a fazer é dialogar com os pastores e missionários, buscando apresentar maneiras que respeitem a subjetividade do sujeito e de sua cultura e ao mesmo tempo não se torne complacente com o pecado. Desde as grandes metrópoles até às tribos mais pequenas são alvos de estudo da atual antropologia cristã.
I.4 – Ênfase em missões
A reflexão sobre o ser humano que a Antropologia Cristã vem trazer, tem como seu centro direcionador a prática de missões tendo em vista os conceitos bíblicos e teológicos. Tem seu destacado papel no âmbito de treinamento missionário por possibilitar preparação para amenizar o máximo possível os choques culturais e oferecer estratégias para serem usadas nos contextos específicos. Certamente não existe uma única forma de fazer missões porque cada povo ou grupo é único, bem como se diz o mesmo sobre os missionários. E é essa realidade que também é preciso ser apresentada e oferecer maior possibilidade para o próprio missionário encontrar a maneira de falar ao povo que foi enviado.
II – O VALOR DA ANTROPOLOGIA PARA MISSÕES
II.1 – A Antropologia oferece ferramentas teóricas para o trabalho pratico missionário
A Antropologia Missionária traz instrumentos dos conhecimentos, conceitos, teorias e hipóteses da moderna antropologia para a prática missionária, ela pesquisa o estudo da humanidade na música, literatura, filosofia, economia, história, geografia religião, comunicação, letras e nas relações inter-pessoais. Por fim, analisa estas matérias e se pergunta como elas se desenvolveram se modificaram e qual o seu significado para a comunicação do evangelho para o povo-alvo.
Paul Hiebert, missionário, professor de antropologia, autor de vários livros sobre antropologia missionária e considerado o principal antropólogo cristão da atualidade, ao ser indagado sobre a importância da antropologia para a obra missionária, responde:
“Eu creio que o missionário precisa pelo menos de duas coisas: uma é estudar as Escrituras, estudando teologia, teologia bíblica e teologia sistemática. A outra é estudar as pessoas e saber como se comunicar com as pessoas. A antropologia é importante para ajudar-nos a entender as pessoas. Muitos missionários não conhecem o povo, a cultura; a antropologia é essencial para que sejamos bons missionários. Mas a antropologia também pode nos ajudar a estudar as Escrituras porque ela nos ajuda a entender as pessoas envolvidas nas Escrituras”. (www.missaoavante.com.br)
II.2 – A antropologia visa apresentar os aspectos-chave da cultura ao missionário
Antes de um missionário (principalmente o pioneiro) ir para uma cultura diferente da sua é importante que ele estude, conheça e interaja com essa cultura. Pois fazendo isso ele poderá se prevenir de atos que poderiam ofender profundamente mesmo sem querer e que poderia ter sido facilmente evitado. Nesta preparação inicial ele vai conhecer melhor os sentimentos do povo sobre as diversas composições de seu meio.
O ministério do Apóstolo Paulo ilustra isso ao reconhecer Epimênides (profeta cretense não-cristão) como um verdadeiro profeta para embasar um julgamento dele sobre o povo. Estudos revelam que Aristóteles, Platão e Cícero também o consideravam profeta. Isso indica que Paulo conhecia bem a cultura dos cretenses. Conhecer costumes e tradições é crucial da estratégia missionária.
II.3 – O estudo antropológico visa preparar o missionário para a adaptação cultural
A antropologia missionária tem contribuído com as missões na medida que tem mostrado aos missionários a maneira como devem se comportar dentro do contexto próprio do povo. Como já foi dito, a geografia, a história, a estrutura econômica, suas artes existem de maneira a preservar a existência da comunidade. Portanto é um crime contra a cultura o missionário chegar com os valores de onde veio e querer imprimir sobre o povo ao qual foi enviado. Antes pelo contrário, ele deve se adaptar ao seu modo cultural desde que não conflituem com o evangelho.
É importante que ele reconheça a diferença da cultura, e a partir desse reconhecimento, ele se comporte semelhantemente à maneira cultural corrente. É como se um missionário fizesse duas malas para a viagem: uma para usar e outra para não usar. Na primeira é importante que ele coloque o básico para viver dignamente os seus primeiros dias ali (até atribuir a forma própria do povo). Na segunda ele deveria colocar todos os seus pré-julgamentos culturais e a cultura que aprendeu para não utilizar. Se ele não fizer essas duas malas, a sua missão poderá encontrar grande dificuldade.
Portanto a antropologia tem como interesse poder amenizar o impacto dos possíveis choques culturais vivenciado pelas famílias missionárias.
II.4 – O missionário não deve aceitar os fatores culturais que são contrários ao Evangelho
O missionário no exercício do seu ministério ao expor o evangelho de Cristo inevitavelmente encontrar-se-á em um conflito, tendo em vista as doutrinas demoníacas do povo. Nesse momento, ele precisará batalhar fielmente pelo evangelho de Cristo, e não poderá aceitar nenhum tipo de sincretismo. A sã doutrina deve ser defendida com todo o entendimento e todas as forças que o missionário tiver. Como bem disse Judas, uma das colunas da Igreja Primitiva de Jerusalém: “exorto-vos a batalhardes diligentemente pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3). Na pregação do evangelho de Cristo não poderá haver nem um acréscimo e nem um suprimento.
Sobre este aspecto da cultural na evangelização, O pacto de Lousanne afirmou o seguinte:
“O desenvolvimento de estratégias para a evangelização mundial requer metodologia nova e criativa. Com a bênção de Deus, o resultado será o surgimento de igrejas profundamente enraizadas em Cristo e estreitamente relacionadas à cultura local. A cultura deve sempre ser julgada e provada pelas Escrituras. Uma vez que o ser humano é criatura de Deus, parte de sua cultura é rica em beleza e bondade. Pelo fato de o ser humano ter caído, toda a sua cultura (usos e costumes) está manchada pelo pecado e parte dela é de inspiração demoníaca. O evangelho não pressupõe a superioridade uma cultura sobre outra, mas avalia todas elas segundo o seu próprio critério de verdade e justiça, e insiste na aceitação de valores morais absolutos, qualquer que seja a cultura em questão. As organizações missionárias muitas vezes tem exportado, juntamente com o evangelho, a cultura de seu pais de origem, e tem acontecido de igrejas ficarem submissas aos ditames de uma determinada cultura, em vez de às Escrituras. Os evangelistas de Cristo, devem, humildemente, procurar esvaziar-se de tudo, exceto de sua autenticidade pessoal, a fimde se tornarem servos dos outros. As igrejas devem se empenhar em enriquecer e transformar a cultura local, tudo para a gloria de Deus” (Mc 7.8,,13; Gn 4.21,22; 1 Co 9.19-23;Fp 2.5-7;2 Co 4.5) (REIFLER, Hans Ulrich. Antropologia missionária para o século XXI. Londrina: Descoberta Editora LTDA, 2003, pag 55)
II.5 – A Antropologia Missionária pretende preparar o missionário para contextualizar a mensagem
Numa entrevista a um blogger, Paul Hiebert, um dos maiores antropólogo missionário, respondeu sobre as vantagens e o perigo da contextualização da mensagem:
“O perigo da contextualização é quando colocamos a mensagem na língua local e na cultura do povo, porque a língua e a cultura do povo podem destruir, mudar a mensagem, ou afastá-la da verdade. Se não tivermos cuidado, o Evangelho pode ser convertido à cultura. Mas há um perigo em não contextualizar; não teremos testemunha, nem mensagem, nem evangelismo. Em ambas as partes há perigo, mas o perigo de não contextualizar é maior do que o perigo de contextualizar. Nós precisamos contextualizar criticamente, pensando e sabendo o que estamos fazendo, não só adotar tudo ou rejeitar tudo, mas fazer isso com critério”. (http://www.missaoavante.org.br/)
II.5 – A Antropologia Missionária pretende auxiliar o missionário na busca pelos elos eterno de Deus nas culturas para uma pregação eficaz (Fator Melquisedeque)
O missionário e missiólogo Don Richardson, nos seus livros “Senhores da Terra”, “Totem da Paz” e principalmente no “Fator Melquisedeque”, explicou muito bem sobre o que ele mesmo define como “Fator Melquisedeque”.Nestes, ele descreve experiências vividas pessoalmente e por outros missionários em campos de missões narrando também aspectosculturais dos povos com os quais houve contato.
Segundo Richardson, todo povo possui em sua cultura um elo de contato preparado por Deus para receber a mensagem do Evangelho. Portanto quando a testemunha de Cristoalcança uma determinada cultura, através desse elo o contatocom a Mensagem cristã pode ser feito.
No livro “Fator Melquisedeque”, Richardson dá exemplo de vários povos com seus elos de contato. Os Cananeus com seu E1 Elyon, os Incas com seu Viracocha, os Santal com seu Thakur Jiu, os Gedeos da Etiópia com seu Magano, os Mbaka da República Centro-Africano com seu Koro, os Chineses com o Senhor do Céu - Shang Ti e os Coreanos com seu Hananim. Em todos os exemplos há noções de um Deus Criador e Sustentados do Universo que há muito tempo tinha sido adorado e obedecido, mas que com o passar dos anos foi deixado de lado.
É justamente no exemplo dos Cananeus e o contato de Abraão com o rei Melquisedeque que temos uma evidência de que Deus age através de uma revelação geral entre os povos. Abraão reconhece o sacerdócio de Melquisedeque e lhe oferece o dizimo. Da mesma forma, diz Richardson, temos nos demais exemplos citados, claras provas de revelaçãogeral como testemunho vivo de Deus nas mais diversas culturas.
I.5 – Sobre a contribuição da Antropologia Missionária para missões, e o comportamento inicial do missionário no campo, Hans Ulrich Reifler diz que:
“A tarefa da antropologia missionária é permitir que o processo de conscientização e respeito mútuo entre os povos e cultura cresça na vida missionário como entre crentes no mundo inteiro. É importante respeitar os costumes , tradições e hábitos diferentes para evitar erros irreparáveis. Para o diálogo efetivo do evangelho é necessário aceitar, em principio, a estranheza da nova cultura e não questionar nem criticar logo coisas que ainda não compreendemos. O antropólogo R.A. Le Vine argumenta que, quando o individuo se locomove para um novo lugar onde reinam costumes estranhos ou novos, ele precisa adaptar-se ou será estigmatizado pela sociedade local”. (REIFLER, Hans Ulrich. Antropologia missionária para o século XXI. Londrina: Descoberta Editora LTDA, 2003 166 pag.)
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